"Heigh, my hearts! cheerly, cheerly, my hearts! yare, yare! Take in the topsail. Tend to th'master's whistle. -- Blow till thou burst thy wind, if room enough."
William Shakespeare. The Tempest. Act 1, scene 1.
Por que recitas Shakespeare? Que direito tens de se imiscuir em meu mundo? Já não basta estar em minha mente e pensamentos constantemente? Já não basta que eu queira beijar-te sempre que te vejo? Já não basta as vezes em que fico a observar-te pelo canto do olho quando acho que não estás prestando atenção em mim?
Repito: que direito tens de recitar Shakesperare? Sem ser para mim? Que direito tens de massacrar meus pensamentos contra as paredes de minha alma? Que direito tens?
Ao menos foi apenas Romeu e Julieta e não Tempestade. Ainda assim sempre penso que o choque seria menor se o mundo fosse maior do que realmente é.
Poesia, literatura, música, sarcasmo... Em que mais estarás entrelaçado em minha vida sem que eu possa fazer nada para evitar. Principalmente, porque não quero, realmente, evitar nada.
Aí, com cada palavra e gesto normais, do tipo que acredito que fazes a todos, eu derreto mais nessa escuridão quente que deveria ser proibida de existir quando estás fora de mim. Mas ainda assim, sei que não é exatamente o que ocorre.
E sem as respostas que eu gostaria de ouvir. Sem as palavras que me parecem nunca vir. Eu sigo e acabo chegando à conclusão que meu fim será assim: estou sozinha, temperatura baixa e só. Nada mais além de mim.
"Avante, meus corações! Alegre, alegre, meus corações! Avante, avante. Hasteai a vela principal. Atenda ao assovio do mestre. Assopre até que irrompa seu vento, se houver espaço suficiente."
William Shakespeare. A Tempestade. Ato 1, cena 1. (tradução)