Friday, March 30, 2007

SE UM DIA ACONTECER

Quando abri a carta, a primeira coisa que percebi foi o desenho no papel. Uma borboleta, meio disforme, como se estivesse esmagada... Tá certo que era toda preta... Não tinha muitos detalhes, mas ainda assim, para mim era uma borboleta esmagada. A carta tinha sido feita com muito cuidado... Toda ela escrita em preto e branco... Não tinha falado, né? A borboleta (toda preta) tinha sido impressa em uma dessas folhas normais de papel ofício.
Logo percebi que o autor daquela carta tinha tido um bocado de trabalho. Na parte branca da folha, estava escrito de preto; na parte do desenho, preto, estava escrito de branco. O envelope estava todo desenhado (percebi só muito depois, as linhas eram muito clarinhas), cheio de coraçõezinhos e estrelas... Ah, como eu adoro estrelas... Tudo tinha um perfume muito gostoso... O meu favorito...
E apesar de tudo isso, a imagem da borboleta esmagada, no meio do papel de carta, não me saia da cabeça. Como um escudo, uma muralha intransponível aos meus sentidos, ou aos seus sentimentos. Não dava... Era uma barreira...
Li a carta... Chorei porque não conseguia entender como palavras tão lindas poderiam vir acompanhadas de tanto descuido... "Uma borboleta ESMAGADA"... Não entendi nada...
Mas continuei... Escrevi de volta... Imprime a carta, como temos o costume de fazer... Amorigo secreto... Sem nome... Só quem sabe sou eu e você... Coloquei no meio um desenho que achei que combinava com sua borboleta... Uma faca rasgando-me o peito...
Carta seguinte, só duas frases:
"Como na outra carta, nossos corações estão juntos, explodindo.
Também tenho vontade de arrancá-lo do peito, tamanha a pressão e a dor."
E a assinatura de sempre:
"T.A."
Hoje assino: "T.T.A."

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PAPO DE ÍNDIO (30 tempos depois)

Poema que explica a morte
Não é que não tenha te querido, querido...
Pelo contrário...
Mas a todo momento ouvia apenas a canção da morte
em meus ouvidos...
Qual sussurro aterrador...
Você meio ao meio partido.
Mensagem da fumaça do meu coração tribo.
Longe é melhor...
Mas hoje olho ao redor e ainda vejo pingar...
Sim, sou xamã...
Sou irmã do ar...
Vejo hoje o amanhã...
Dom melhor não há...
Nem pior...
Hoje você deve beijar aqueles lábios.
Ao menos não tenho que secar as lágrimas do meu próprio rosto
para sempre...
Não choverá mais dos meus olhos...
Será???
Chorei três dias...
Agora parei...
Expliquei bem o fiz, não expliquei???
Espero que me entendas no fim...
Ainda assim, você é parte de mim...

FACA PARA PÃO

Se me perguntassem, hoje, o que faria com uma faca para pão, não saberia o que responder. Sinceramente, não vejo muita utilidade... Afinal, o pão de forma já vem cortado... E quem precisa de uma faca específica para pão quando qualquer outra pode fazer o papel desta... Todas cortam pão, afinal...
Mas venhamos e convenhamos... Qualquer um pode imaginar que não é exatamente de uma "FACA PARA PÃO" que eu estou falando, né??? Afinal, que papinho mais fútil, não acham???
Mas vou descrever minha faca para pão para ver se vocês conseguem entender melhor...
Corro na calçada para ir para a rodoviária... Preciso pegar o ônibus afinal... Aulas, viagem, sabem como é, né?! Na outra calçada sorriso cintilante... Me vê... Acena lá de longe... Sorri... Passa...
Eu também, afinal, o tempo não pára...
Loja, guichê, passagem, ônibus...
Ela... A tal menina loirinha e fofa... Competição...
Ah... Fala sério... Pode o mundo ser mais irônico...
E eu achando que qualquer faca corta pão...
Pra que, né? Parte com a mão...

Friday, March 02, 2007

DE MÃE PRA FILHA

*pedindo licença aos envolvidos... mas preciso colocar isso!!! hehehe! mas calma, não colocarei nomes...* "mamãe veio conversar comigo e me diz: - Filha, existe uma doença que as pessoas relacionam com depressão, mas não é... como é mesmo? dualidade? - É bipolaridade, mãe? - Isso mesmo, filha. - Minha amiga já me disse que eu sou bipolar, mãe" Conversas anônimas no telefone da consciência. Pedidos incólumes de alma para alma. E o futuro se desfaz pelo tempo especial e espacial das mentes. E se sofrem com as dores dos outros, ou com as suas próprias, quem se importa de verdade? Estamos todos muito cansados e desfeitos, todos muito ocupados para sermos nós mesmos. Ou será isso apenas desculpa? Ou será que estamos mesmo perdidos no labirinto de nossos próprios meios e perdas? Quem seria então o culpado? O namorado que por um momento não soube como se portar, o que falar? A amiga disforme que já não sabia o que dizer, como explicar o que estava sentindo, o que estava vivendo? As pessoas que não concordavam com tanto trabalho e que não disseram: PARE JÁ COM ISSO!? Ou será a mãe que não tinha, na verdade, nada com isso? E você??? De que vai abrir mão hoje?