SEXTA-FEIRA
Quando o tempo já não fala mais em seus ouvidos e os sorrisos já parecem estar tatuados em seu ser, nada mais nos cabe fazer a não ser aceitar o inevitável. Há imagens que ficarão para sempre gravadas a ferro e fogo em nós: na mente, nos sentimentos, na pele, no cheiro.
Há certeza de que a (in)certeza muitas das vezes é mais eficaz do que um absolutismo exacerbado faz com que as pernas vacilem a cada passo na direção que sabemos certa. É como se andássemos sobre gelatina ou geléia... Como se cada palavra fosse casaca de ovo ou se cada exalada de ar fosse o último respirar. É como se misturássemos duas substâncias voláteis e inflamáveis em um mesmo recipiente e acendêssemos um fósforo só para saber como é sentir uma bomba explodir bem perto de você.
Assim, as imagens inevitáveis permanecem. E bem quando se acreditava que em um equilíbrio exato seria mais fácil andar sobre a corda-bamba, descobre-se que não há essa história de equilíbrio exato ou perfeito... Há apenas tentativa... E que a vida será sempre uma corda-bamba e que cada um de nós será sempre equilibrista tatuado pelos outros. Mas sabe-se que é melhor isso do que viver com os pés no chão...