Friday, March 28, 2008

A UMA AMIGA AMADA

"Se o ser acaba morrendo, o que posso fazer a não ser levá-lo à ressurreição?"

Sê inteiro em cada parte, em cada fragmento Da vida que hoje está ao teu redor Breve, leve, certo se despede este instante Pra nunca mais pousar em tuas mãos Tempo foge, escorrendo nos dias que vão Vai seguindo os trilhos da luz Não permitas que a vida termine sem que Extraias dela todo sabor Deixa que a aventura de ser gente te evolva Prepara o que serás no que és Não prenda os teus olhos nos olhares que te acusam Esquece a voz que te condenou Eis que trago noticias do céu Deus resolveu te fazer vencedor Ergue os olhos, destranca tua voz Vem receber novas vestes de luz E declara comigo a vitória de Deus Proclama a vitória de Deus Nunca te aprisiones nos teus medos e receios Nem sê refém de quem não sabe amar Não, não te condenes a morrer com teus defeitos Nem use a expressão não vou mudar Pois a cada instante é possível crescer Retirando excessos do ser Aprimora o teu jeito de ver e de ouvir E do amor tão perto estarás Eis que trago noticias do céu Deus resolveu te fazer vencedor Ergue os olhos, destranca tua voz Vem receber novas vestes de luz E declara comigo a vitória de Deus É vitória de Deus, vitória de Deus Sobre o medo dos homens É vitória de Deus, vitória de Deus Sobre a força das sombras É vitória de Deus, vitória de Deus Sobre a fome na Terra É vitória de Deus, vitória de Deus Sobre o meu coração E proclama comigo a vitória de Deus Proclama a vitória de Deus

Monday, March 03, 2008

MUTABILIDADE

"As almas podem existir em contato nas mais diversas circunstâncias. Se há apenas UMA perfeita para cada um eu não sei, mas sei que persiste a existência de companheiras ideais entre si, de acordo com a situação de permanência e mutabilidade."
Quando a menina entrou no bosque, percebeu que lá dentro era muito mais escuro do que fora da área das árvores, era mais fresco também. Já com os olhos doloridos de tanta luz, sentiu que ali era um lugar agradável, em que poderia descansar e que suas dores poderiam ser amainadas. Ali também não sofreria as injúrias do sol escaldante que já ressecava sua pele e que fazia com que sua epiderme descascasse como se fosse um inseto trocando de casca.
Queria mais frescor, mais força, mais calma, mais tranqüilidade, mais, mais, mais... E o que procurava encontrou naquele labirinto fáunico de árvores: galhos, troncos, ramos, folhas, frutos despertados. Sem caminhos predeterminados, ou melhor, com tantos caminhos possíveis que nem mesmo era possível saber se eram mesmo caminhos. E ali, ela se sentiu LIVRE.
E ela viu que o que tinha era BOM. Outras pessoas também estavam ali. Se esbarravam de tempos em tempos como se fizessem parte de um gigante brinquedo de carros desgovernados do parque de diversões. E, na verdade, era exatamente isso que aquele lugar era: um GRANDE PARQUE DE DIVERSÕES, cheio de crianças felizes e descompromissadas, sem mais nada a fazer a não ser se divertir. E eles acreditavam que aquilo é que era VIDA.
E teve um momento que os olhos já não mais se acostumaram à luz do sol. Um momento em que apenas o frescor da floresta já era o suficiente para o esfriamento daqueles corações perdidos. E ela continuava ali, naquele carrossel vertiginoso de brincadeiras e diversões e suposições. Mas alguma coisa não estava certa. Não havia contatos além de esbarros. No fim das contas, parecia que já não havia NADA.
Então, se aquilo que era VIDA, mas não havia NADA... Seria a vida NADA, seria o NADA a VIDA? E um pensamento lhe ocorreu, um dos ensinamentos do cotidiano antigo, lá, torrado pelo sol, "o inseto (se) troca de casca para se poder crescer." Não é possível ser criança pra sempre. O parque de diversões não será fechado, mas o sol pode fazer aquela floresta secar e apenas os imunizados sobreviverão à luz do sol. Ela se virou e com dificuldade, por aqueles milhões de caminhos e esbarradas chegou ao limite da floresta. E ali, respirou aliviada pela última vez.
E enfrentando toda a dor que isso poderia causar e que sabia que inevitavelmente causaria:
-SE ENTREGOU À LUZ...