HOMEM DAS ESTRELAS
Olho para o céu em movimento e vejo quase que imóvel um ser desconectado desse mundo. Seus olhos vagueiam para além da janela do tempo e do espaço. Uma bola de fogo imensa estaciona-se vagarosamente enquanto há a inevitável aproximação. Perto, muito perto, muito mais perto do que o aconselhável. Todos os corpos (celestes) lado a lado. Disfarçam as intenções omissas e passam a ler as estrelas enquanto ignora-se o incêndio que ocorre bem ao lado. Mas não o homem das estrelas...
Olha fixamente... Mais fixamente do que deveria... Queima córneas e retina... Mas quem se importa? Abre-se a porta do espaço-tempo para o espectador impertubável. Este olha também. Sente em sua face o calor do fogo-fátuo- dissipante dissipando-se ao lado. Volta a olhar estrelas...
E o que são estrelas?São palavras aglomeradas em um papel negro como a noite e irrequietas como crianças faceiras. Só querem sair para brincar. Então, abrem-se as páginas do céu para que elas possam se encontrar com suas companhias para se divertirem... Mesmo que uma diversão solitária e distante milhões de anos-luz.
Páginas de The Waste Land, escrita por um dos mais misteriosos escritor. Uma, duas, três bisbilhotadas na noite alheia. Quatro, cinco e um suspiro terminal:
Posso brincar com você?
Nessa noite que ainda não chegou os discursos se completam e fatos ficcionais se retratam em olhos vazios de ilusões... Mas quem pode ter certeza? Afinal... Homem das estrelas... Mulheres do chão... Seres do espaço... Tudo não passa de ficção (científica)?